8 mar 2009

Metro SP - Pane total

Conhecer os sistemas metropolitanos mundo a fora me capacita criticar o metrò paulistano: Muito limpo, caro e pouco eficiente.

O governador de Sào Paulo, José Serra (PSDB/DEM), anunciou um desconto de R$ 0,20 aos usuàrios do sistema entre os horàrios das 4h40 às 6 horas da manhà. No inìcio achei que era uma espécie de brincadeira para testar a paciència e a inteligència das 4 milhòes de pessoas que sào mal atendidos diariamente pelo metrò.

Em Paris, cidade onde moro no momento, o bilhete ùnico para uma pessoa sem direitos a benefìcios, custa em média 5 reais por dia, que multiplicados por 30, ao final do mès chega à cifra de 150 reais. Aproximadamente este valor corresponde a 4,6% do salàrio mìnimo na França.

No Brasil, considerando o mesmo càlculo, o brasilieiro beneficiado do mìnimo, userà 37% aproximadamente do seu salàrio para ir e voltar.

Importante lembrar que o bilhete ùnico em Paris permite o uso ilimitado de viagens em qualquer serviço de transporte pùblico (metrò, trem, bus, bicicleta, bondinho). Nào "vence" depois de 70 minutos, e nào existe um ponto na cidade, e um horàrio que nào seja coberto pelo sistema de transporte.

O metrò de Sào Paulo é uma vergonha. Limpo e organizado, reconheço, mas nào funciona. Os governos Montoro, Quércia, Fleury, Covas, Alckimin e Serra sào os grandes culpados. Ignoraram a necessidade de investir no transporte pùblico. Hoje é urgència. O metrò existe desde 1974. O crescimento nesses 35 anos foi lento, muito lento, assim como é o sistema pùblico de transporte em Sào Paulo.

Num ato populista Serra anuncia um desconto de R$ 0.20 no bilhete, aos usuàrios das 4h40 às 6 horas da manhà? Brincadeira? Sim, e de mau gosto!

ALEXANDRE "circo" GARCIA

Alexandre Garcia pode ser tudo, polìtico, palhaço, comentarista, menos jornalista.

Na ediçào de sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009, do Bom dia Brasil, jornal em rede nacional diàrio exibido pela Rede Globo todas as manhàs, Garcia em modo arbitràrio, criminoso, comentou o suporte parlamentar ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que criticou as invasòes de terras pelo o Movimento dos Trabalhadores rurais Sem-Terras (MST). Clique aqui para ver o vìdeo.


"entidades que atendem pela marca de mercado de Sem-Terras [sic], que na verdade sào desempregados do meio rural e do meio urbano, doutrinados e treinados para agir em nome do movimento. Um movimento que usa o mot [sic] de 'quem trabalha tem direito a Terra'. Isso é absolutamente verdadeiro, quem trabalha tem direito a uma casa, uma roupa. E funciona assim: Trabalha-se, junta-se a renda do trabalho e se adquire o direito de ter alguma coisa. Um carro ou um pedaço de Terra. Essa é a lei que nos mantém organizados e civilizados para que o direito de cada um fique potegido. Fora disso se desorganiza a Ordem. O presidente do supremo percebeu o risco que corre o Estado de direito, com o desrespeito a lei, com a aleniència e até a ajuda financeira do Estado, usando para isso o imposto de quem trabalha para adquirir o direito de ter alguma coisa"


Isto foi dito em rede nacional, nos estùdios da Rede Globo, com boa iluminaçào, excelente àudio, figurino e maquiagem impecàveis, e com auxìlio de très video-cameras, bem dirigidas. Tais artifìcios valorizam muito mais o discurso, que de um comentàrio digno de no màximo uma conversa de botequim, pode-se transformar na opiniào pùblica.

Com um sorriso irònico em face, Garcia argumenta como se no Brasil fosse simples encontrar um trabalho. E mais, um trabalho que possibilita cobrir as despesas de moradia, saùde, educaçào pròpria e dos filhos, transporte, segurança e lazer, e ainda sim, na sua opiniào, juntar dinheiro para comprar um pedaço de Terra e um carro.

Tais palavras de Garcia sào criminais. Um deserviço social e anti-jornalismo. Nào entendo os diretores do jornal, Schroder e Kamel, que ao permitir a opiniào pessoal do Alexandre, consolidam o comentàrio como representativo do Bom Dia Brasil, e até da emissora e grupo. Como jornalista nào posso concordar com tal postura. Respeito e admiro muito a Rede Globo e todos os excelentes profissionais que trabalham là, dentre os quais alguns queridos e competentes amigos. Nào aceito e nào condiviso porém a posiçào do Alexandre Garcia.

Nào vem ao caso defender ou atacar o MST. Explica-lo seria impossìvel neste blog. Existem muitas publicaçòes, teses de doutorado a respeito, para quem gostaria de se aprofundar no assunto. Aliàs, antes de atacar, criticar é necessàrio ter as faculdades mìnimas, nào apenas para o presente caso, mas a qualquer coisa. Informar-se antes de abrir a boca.

Durante o carnaval deste ano, o MST invadiu latifùndios nos estados de Sào Paulo e Pernambuco. Neste ùltimo, numa das açòes, quatro seguranças de uma àrea foram mortos por integrantes do movimento que, em nota oficial, afirmam que repudiam qualquer tipo de violència, e que a fatalidade foi decorrència de legìtima defesa, que na sua opiniào evitou um outro massacre. As mortes geraram crìticas inclusive do presidente Lula. Eu também creio que nenhuma morte pode ser justificada. Em legìtima defesa pode até ser, mas nào cabe a mim julgar, nào poderia nunca opinar num assassinato alegado por legìtima defesa, seja do MST ou de uma pai de famìlia que ataca os bandidos com uma pistola particular. Sào casos para justiça e qualquer especulaçào é, no mìnimo, idiota.

Apòs as crìticas de Mendes ao MST, os parlamentares vieram ao seu encontro, suportando-o, como o presidente do senado, José Sarney (PMDB-AL).

Temos très notòrios personagens neste artigo. Garcia, Mendes e Sarney. O primeiro, e também sujeito principal, foi assessor de imprensa do governo ditador no Brasil. O segundo, presidente do STF, envolvido em diversos escandàlos, como a liberdade ao banqueiro Dantas e o caso das habilitaçòes falsas de Ferraz de Vasconcelos, na Grande SP. O terceiro, ex presidente da repùblica, filiado por anos ao partido que representava os militares.