3 nov 2009

MALDITA CATARINA

Começo com um longo nariz-de-cera, pròprio porque o argumento a ser tratado é muito, muito triste.

O estado de Santa Catarina é ou poderia ser um territòrio paradisiaco. A sua costa està entre uma das mais charmosas do Brasil. A situação socio-polìtica porém é uma das piores de todas as unidades da federação. A maioria dos rios são poluìdos e jà praticamente comprometidos pela produção de carne, seja pela pecuària, como pela cultivação de milho para alimentação suina. Se passamos à questão racial, mais problemas. O racismo existe e é notàvel entre os catarinenses, incluindo alguns jovens, borgueses e estudantes que conheci na Itàlia e na França.

Não poderia deixar de citar a precariedade do saneamento bàsico no estado, uma questão crònica, que deveria ter sido tratada no final do século XIX, e apenas agora o governo resolve tomar algumas medidas.

O poder executivo catarinense do final da ditadur militar até hoje foi e é representado principalmente por: Esperidião Amim (PDS - partido que depois se transformou em PP e agora é o atual DEM), de 1983-1986 e de de 1999-2002. Praticamente a continuação do regime ditador. Pedro Ivo (PMDB - partido que apesar de ter feito oposição à ditadura, foi responsàvel pela introdução do sistema neoliberal no paìs, fechando os olhos à educação , à saùde, à reforma agrària e à segurança), de 1987-1990 (quando faleceu). Vilson Kleinubing, PFL (partido liberal, de direita), de 1991-1994. Paulo Afonso Vieira (PMDB, 1995-1998), e o atual LUIZ HENRIQUE DA SILVEIRA, desde 2003, da coligaçào PMDB/PSDB.

Luiz Henrique foi membro do DOPS (Departamento de Ordem Polìtica e Social) durante o Regime Militar no Brasil, denunciando os opositores à ditadura.

O DOPS, entre outras coisas, é conhecido pelo o uso da tortura como métodos de investigação e punição .

Depois desta longa introdução posso finalmente escrever sobre o argumento que me faz abdicar-me dos meus trabalhos acadèmicos pelo dever de manifestar-me como cidadão, jornalista, sociòlogo e, acima de tudo, ser humano contra o ocorrido na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, em Santa Catarina.

Imagens gravadas com uma vìdeocamera, mostram alguns detentos sendo torturados por agentes penitenciàrios num banheiro do complexo. Suas m
ãos estavam algemadas. Numa das cenas, depois de momentos de extrema violència, um condenado tem sua cabeça introduzida na privada. Uma cena absurda (veja o artigo e o vìdeo AQUI)

Conforme o segundo paràgrafo do artigo 2 da Convenção das Nações Unidas em Genebra, Suiça, em 1987, contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, Ddsumanos ou degradantes, a tortura não pode ser jamais justificada, independente do caso.

Na matéria exibida pelo Fantàstico, no ùltimo domingo (1/11/2009), o governador Silveira diz que os agentes serão afastados. Sò afastados! Serà porque como ex membro do DOPS, as imagens não são assim graves ao irresponsàvel chefe de estado de Santa Catarina? Como assim AFASTADOS? Os agentes devem ser julgados e responderem pelos crimes de abuso de poder, tortura, agressão, tentativa de homicìdio, formação de quadrilha, dentre outros.
Um artigo do jornal O Globo diz que UM agente foi afastado. Um agente! Era um grupo dentro daquele banheiro.

E a postura da mìdia? Vergonhosa. O Fantàstico, que é uma revista semanal, com mais cara de entretenimento que jornalismo (creio que o programa seja diviso entre a Central Globo de Jornalismo e a Central Globo de Produçòes), foi quem denunciou o fato. E os outros jornais? A passear por alguns quotidianos brasileiros não encontrei nada, além, é claro dos jornais locais, de um fato que deveria ser capa de todos os veìculos mediàticos. O jornal O Globo, um dos poucos de abrangència nacional a comentar o caso, foi suave no olho da notìcia: "Maus Tratos".

Recentemente na Itàlia, um jovem morreu na prisão supostamente vìtima de tortura. A repercussão midiàtica foi intensa, apesar de, na minha opinião, não ter sido suficiente e não resolver o caso (Uma vergonha também por parte do governo italiano). Stefano Cucchi, 31 anos, morto na penitenciària de Roma enquanto esperava o julgamento por porte de droga. A famìlia de Stefano que aguardava suas notìcias por parte dos Carabinieri, recebe o comunicado que o filho é morto! Independente do descaso do governo Berlusconi, mas a mìdia, pelo menos, dà mais importància.

O ocorrido em Santa Catarina, n
ão é uma novidade. A tortura no Brasil existe e os métodos usados na prisão de Guantánamo parecem ser leves em comparação às prisòes governadas de um ex membro do DOPS.


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